tema controle biológico tem ganhado muito espaço nos meios de comunicação que se dedicam a falar sobre agricultura. Quando o assunto é sustentabilidade, redução de uso de defensivos químicos e manejo racional de agroecossistemas, certamente a utilização dessa ferramenta é uma das alternativas mais promissoras. Dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o controle biológico é um dos pilares que, juntamente com outras técnicas de controle de pragas, contribui com um manejo cada vez mais inteligente das nossas lavouras.
Embora muito esteja sendo discutido sobre o tema nos últimos anos, os produtores, que são a parte mais importante do processo, ainda não possuem a intimidade necessária com as tecnologias de controle biológico e, muitas vezes, não conhecem quais as alternativas que já estão a sua disposição. Em um trabalho recente que realizei com produtores da Serra da Ibiapaba (CE), pude verificar que 48% dos produtores que entrevistei desconhecem totalmente o tema, e 28% conhecem mas nunca utilizaram produtos biológicos. Por isso, deixo abaixo algumas dicas práticas que podem auxiliar você que tem o interesse em incluir em seu manejo alternativas biológicas.
Por onde começar
1. Escolha um fornecedor confiável e o mais próximo possível de você
Quando o assunto é defensivo biológico, o cuidado começa desde a escolha do fornecedor, pois, diferente de defensivos químicos, você estará adquirindo organismos vivos. Ou seja, caso não tenha sido acondicionado de maneira correta até o momento da entrega do produto, podem chegar inviáveis à sua mão. A temperatura é, quase sempre, o fator mais importante na preservação da viabilidade do produto biológico. Uma boa dica é sempre conferir na bula os limites toleráveis de temperatura e observar se seu fornecedor respeitou este intervalo até o momento da entrega do produto.
2. Aplicação do defensivo em campo
De posse de um produto de procedência, utilize sempre a dose de bula recomendada para o alvo que precisa ser controlado. Na aplicação do produto, nunca misture qualquer tipo de defensivo que não se conheça a compatibilidade com o biológico em questão, pois isso pode inviabilizar totalmente seu produto. Sabemos que o horário mais recomendado para pulverizações é, quase sempre nas horas mais frescas do dia. Este princípio deve ser respeitado com ainda mais cuidado no manejo biológico aqui na região nordeste, dando maior preferência para o horário de final de tarde. Assim, seu organismo, principalmente fungos entomopatogênicos, têm a noite inteira para trabalhar com tranquilidade.
3. Integração do manejo biológico com controle químico
A utilização de defensivos biológicos não exclui a possibilidade de uso de defensivos químicos. Assim sendo, você pode integrar os dois manejos dando preferência para aplicação do biológico após o fim do período de persistência do químico na área. Outra alternativa é escolher, quando possível, defensivos seletivos, que preservem organismos biológicos e eliminem apenas a praga alvo. Tenha sempre o cuidado de lavar bem os equipamentos de pulverização para evitar mistura de produto químico com o seu produto vivo. Por fim, caso você não tenha a intenção de adquirir qualquer produto biológico ainda, saiba que a simples preservação do seu sistema agrícola com práticas de agricultura mais racionais (rotação de culturas, utilização de MIP, preservação de áreas de conservação etc) já favorece o controle biológico natural.
